Mercado Bitcoin inaugura ‘bolsa’ de tokens de precatórios

O Mercado Bitcoin disponibilizou na semana passada a negociação em mercado secundário dos tokens de precatórios que vem emitindo há quatro meses.

Inaugurada no último dia 5/12, a nova função está disponível na plataforma da empresa na internet e no aplicativo de smartphone.

Agora, além de aguardar o vencimento do título principal, detentores dos tokens ganham também a opção de negociá-los antes do vencimento.

Uma das maiores “exchanges” (corretoras de criptomoedas) do país, o Mercado Bitcoin lançou em agosto uma unidade de negócios dedicada a ativos não negociados em bolsa, os chamados “non-security assets”.

Como explicou à época Marcos Alves, CEO do Mercado Bitcoin, ao Valor Investe, o pano de fundo para a iniciativa foi a combinação entre juros baixos e aposentadoria rarefeita, que obriga investidores a tomarem mais risco em nome de obterem os rendimentos que antes vinham fáceis pela poupança.

Até aqui, a estrela do MB Digital Assets são os tokens de precatórios – frações digitais de dívidas judiciais de órgãos públicos, pagas conforme longas filas e frequentemente negociadas antes do vencimento por empresas especializadas.

Essas companhias compram os títulos dos detentores antes que vençam. Para tanto, cobram descontos no valor total de compra do precatório.

Antes, o acesso a esse tipo de ativo era restrito a investidores com muito dinheiro, não só pelos pisos altos para os aportes iniciais, mas também porque graças à baixa liquidez os precatórios eram evitados por quem pode precisar de dinheiro imediato.

A partir do emprego de blockchain e de outras funcionalidades típicas das criptomoedas, foi possível fracionar esses ativos, democratizando o acesso a eles.

O MB Digital Assets já realizou três grandes emissões de tokens de precatórios desde então, no valor total de R$ 25 milhões.

Até aqui, o retorno para os investidores que aderiram estava restrito ao vencimento do precatório. Agora, a empresa passa a intermediar também vendas e compras entre detentores, com ágios ou deságios, a depender de fatores como necessidade de liquidez e perspectiva de valorização – exatamente como já ocorre com ativos negociados em bolsa, como ações.

Por exemplo, um detentor de um token de precatório pode ter tido um imprevisto (ou mesmo ter refeito projeções de retorno) e estar precisando do dinheiro agora, antes do vencimento do título. No mercado secundário, ele pode encontrar outro investidor interessado em comprar seu token a determinado valor.

Pode ser vantajoso para ambas as partes. Para o vendedor, porque a emissão trazia embutida uma valorização: ele pagou R$ 100 por tokens que valiam R$ 133,33. Para o comprador, pois terá nova chance de entrar nesse investimento após os primeiros lotes terem se esgotado, e também porque provavelmente conseguirá um desconto com relação ao valor de face.

O token MBPRK02, por exemplo, fatiou um precatório cuja expectativa de retorno era de 22,7% ao ano e estimativa de liquidação em 2022.

Segundo o MM Digital Assets, detentores de tokens desse título que preferiram negociá-los antes no mercado secundário estão conseguindo retorno de 4% desde a emissão, há quatro meses. A título de comparação, nesse período as aplicações atreladas ao CDI renderam 1,62%.

 

 

Fonte: Valor Investe